4 empresários de beleza analisam os impactos da crise
Segundo dados do Panorama de Salões de Beleza feito pela Beauty Fair e Euromonitor, o Brasil possui 500 mil estabelecimentos formais e gera emprego para mais de 1 milhão de profissionais

O setor de serviços tem sentido muito os impactos econômicos provocados pela quarentena determinada pelo governo federal, que segue a recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) para reduzir a transmissão do coronavírus no Brasil. Uma das fatias desse setor é o mercado da beleza que tenta se reinventar durante a paralisação.
Segundo dados encomendados pela Beauty Fair para a Euromonitor e que foram divulgados no Panorama de Salões de Beleza, o Brasil possui 500 mil estabelecimentos formais e gera emprego para mais de 1 milhão de profissionais, mas 48% dos salões ainda atuam na informalidade, o que significa que os números são ainda maiores. Só na região Sudeste, estão localizados 276 mil salões (56% do total do País), já no Norte e Nordeste são 100 mil salões.
Neste momento de união do mercado, saiba como a crise tem impactado a gestão de grandes salões e inspire-se com os conselhos e as medidas dos empresários para o período:
Apoio emocional às clientes
Há 35 anos no mercado, o JJ Cabeleireiros se consolidou no mercado focando seus serviços para eventos sociais, principalmente casamentos com uma gama completa de serviços. O salão, aliás, foi um dos primeiros a ofertar pacotes para o público masculino nos casamentos.
Alexandre Brendim, herdeiro do espaço de beleza, reafirma a tradição do salão durante a crise com o suporte emocional no atendimento de suas clientes. “A expertise do salão são os eventos e a crise veio no início do auge dos nossos agendamentos, que é o pós-férias e Carnaval, então prejudicou muito nosso faturamento. Estamos reforçando o contato com as futuras noivas, debutantes e formandas para fechamento de pacotes para o segundo semestre, já que o País todo está parado e adiando os eventos. Além disso, há todo o suporte emocional para quem já contratou nossos serviços. As clientes, especialmente as noivas, estão emocionalmente sensíveis e, mais do que mantê-las agendadas, precisamos apoiá-las neste momento e oferecer soluções personalizadas, pensar junto com elas para que se sintam acolhidas, compreendidas e tenham nosso carinho. Para nós, este é um momento forte de suporte emocional”, disse o empresário.

Foto: Reprodução Instagram JJ Cabeleireiros
Foco nos colaboradores
Durante o período de recesso, manter a marca na mente dos clientes é uma das estratégias do Grupo Ondina para se recuperar após a crise. Mas a medida emergencial da empresa foi o estreitamento do contato com o time de colaboradores. “Todos estão com medo e inseguros, então conversamos com eles para tranquilizá-los e mostrar que, de todos os recursos da nossa empresa, a prioridade são eles, nossa equipe direta. Como gestor, tenho dois grandes desafios: o primeiro é equilibrar o caixa e o segundo é equilibrar a moral do meu time interno, fornecedores e parceiros. O que estou aplicando no grupo vale também como uma dica para os colegas da área. Não tem dinheiro? Dê a sua palavra, seu coração às pessoas. Como líder, divida seus recursos com as pessoas e embarque no barco com eles. Com o meu time, o meu compromisso é que, enquanto tiver comida na minha mesa, vai ter comida na mesa de todos eles. Só faltará na mesa deles, o dia que faltar na minha”, garante Ricardo Gimenes, diretor executivo do Grupo Ondina.
O empresário vislumbra também muitas mudanças no mercado. “Acredito que o cenário terá retorno lento e gradual, mas quem tiver uma equipe fiel e estruturada a seu lado, volta mais rápido para o jogo. O momento também é de profissionalização e para mudar alguns conceitos, e isso serve para gestores e profissionais. Depois da crise, a cliente que sentará nas nossas cadeiras também terá se transformado e será outra. Acredito muito que esse momento vai forçar a profissionalização legítima com relação a gestão da beleza e isso criará um novo mercado, muito mais sério, profissional e comprometido”, acredita Ricardo.

Respeitando as normas do Ministério da Saúde e a determinação da quarentena, a rede W fechou temporariamente suas sete unidades e está aproveitando o atual momento para reavaliar o planejamento anual do grupo. “No momento estamos fazendo todas as análises possíveis sobre os dados do Studio W e reavaliando com os gestores de cada área o nosso planejamento anual. É hora de focar em estratégias que tratem da sustentabilidade do negócio e estamos abertos para fazer as mudanças que serão necessárias nesse novo cenário sem perder os valores de nossa marca, sem distanciar de nosso propósito de existência. Vai ser difícil, mas não é impossível sair fortalecido”, afirma Rosângela Barchetta, sócia-proprietária do Studio W.
A empresa preparou ainda um vídeo motivacional para que suas clientes tenham um olhar positivo sobre o atual momento. Assista!
Personalização na venda de produtos
Para Gustavo Nakanishi, diretor executivo do Grupo Nakanishi, rede de salões localizada no Distrito Federal, em apenas 15 dias a crise já impactou em 50% os lucros da empresa que conta com mais de 500 colaboradores. “Num primeiro momento, o foco do gestor deve ser olhar com detalhe os números atuais da sua empresa, reduzir custos e negociar. As grandes lideranças nascem na crise, então também é o momento de equilibrar o emocional gerindo as pessoas que estão a seu redor”, pontuou.
O grupo contou com a agilidade de seus gestores para criar estratégias de ação rápidas. “Nós criamos um sistema de delivery de serviços, mas antes mesmo de rodar, ela foi paralisada por conta do distanciamento social. Agora, nesta segunda fase, estamos com uma plataforma chamada H. Cosméticos, que dá destaque para a nossa loja de produtos e onde os nossos profissionais trabalham como consultores de venda dos produtos de linhas profissionais. Essa ação promove lucratividade em outra frente e cria aproximação, confiança, acolhimento e digitaliza nossos serviços sem perder o toque humano. É um momento de renascimento para todos e o mundo já mudou e tem sido lindo observar esse movimento de união orgânica de todo o mercado da beleza. Há anos esperamos por isso e ele nasceu da crise. O Brasil inteiro está se colocando numa postura de ajuda mútua, deixando qualquer tipo de concorrência de lado. Não podemos deixar de contemplar e sermos gratos por esse movimento tão lindo”, finalizou Gustavo.
Por Janaína Alves
Fotos: Divulgação