O papel das entidades do setor durante e pós-crise
O trabalho em conjunto – entidades, espaços de beleza e profissionais – contribui com o setor de beleza em meio à pandemia do Covid-19
O setor de beleza, assim como outros tantos, foi bastante afetado com os decretos que determinaram a paralisação das atividades consideradas não essenciais em diversas cidades. Diante da nova realidade, os donos de salões e espaços de beleza continuam enfrentando inúmeros desafios, como a manutenção do fluxo de caixa, pagamento de aluguel e de colaboradores, por exemplo. E é por esses e outros motivos que as entidades têm um papel importante, que é o de contribuir com orientações para permitir menos percalços no caminho desta retomada, tanto agora quanto no pós-pandemia.
E facilitar a colaboração entre essas entidades, empresários do setor e profissionais é que a Beauty Fair promoveu o Beauty Fair Ao Vivo com o tema “Como as entidades se articulam para proteger salões durante e pós-crise” (veja, na íntegra, aqui!). Mediado por Cesar Tsukuda, diretor-geral da Beauty Fair, o evento on-line e gratuito contou com a participação de Andrezza Torres (Sebrae), José Augusto Nascimento (ABSB), Luis Bigonha (Sindibeleza), Márcio Michelasi (Pró Beleza), Achiles Cavallo (advogado do setor de beleza) e Daniel Cerveira (advogado especializado em aluguéis).
Veja alguns dos insights a seguir e para conferir mais conteúdo sobre o setor no período de pandemia, clique aqui!
A união necessária
José Augusto Nascimento, presidente da Associação Brasileira de Salões de Beleza, enfatizou que o setor conseguiu unir tanto o laboral quanto o patronal neste momento em que os salões e espaços de beleza encontram-se com as portas fechadas. Como associação, ele reforçou, que a entidade tem prestado os auxílios efetivos jurídicos em parceria com o Sebrae Nacional e a frente de um gabinete de crise.
O presidente da ABSB identificou uma alta demanda de donos de salão que não sabiam como honrar com o pagamento dos aluguéis de seus espaços, pois não possuem capital de giro e fluxo de caixa ativo e ressaltou que o aluguel é o principal custo e que nem sempre há uma flexibilização. Por isso, a ABSB encaminhou ofícios a várias prefeituras para pedir condições que fossem, de fato, favoráveis para que os profissionais da beleza consigam viver dentro da quarentena.
Além disso, foi pensado junto com o Sebrae protocolos de segurança para os salões e a criação de manifestos às agências de água e luz para que não realizem cortes durante esse período. “A nossa grande preocupação é com a saúde. Se tiver que ter o tão temido lockdown que tivesse imediatamente dentro para já resolver essa questão”, disse.
A relação de trabalho no setor de beleza já mudou
O uso de ferramentas legais tornou-se fundamental para proteger tanto os profissionais quanto os salões de beleza. Pensando nisso, Márcio Michelasi, presidente do Pró Beleza, identificou que o setor teve um avanço na relação de trabalho. “Nós nos preocupamos em proteger os negócios. A gente não tem uma ideia arcaica. Não existe parceria se não tiver o parceiro dos dois lados”, disse.
Ele também citou a Medida Provisória 936, de 1 de abril de 2020, que visa estabelecer uma série de procedimentos que contribuem emergencialmente para manter o emprego e renda das pessoas, bem como as atividades laborais/empresariais e reduzir os impactos sociais oriundos da calamidade pública e de saúde ocasionadas pela COVID-19 no Brasil.
A educação dos profissionais também é uma preocupação do Pró Beleza, reforçou Márcio, que disse que há um incentivo pela busca de informação sobre os direitos do salões de beleza sobre o que tange a locação dos espaços, relação com os colaboradores, fornecedores etc. Márcio também pontuou sobre as diferenças quando se fala em luta de classes para o setor. “A gente está acostumado ao modelo sindical de luta de classes: capital e trabalho. As relações de trabalho foram moldadas nessa lógica. A lei de parceria veio quebrar este paradigma de relação de trabalho. A gente conseguiu, em conjunto, mostrar que as relações de trabalho no mercado de beleza não seguiam a lógica do tradicional”, ressaltou.
Meios para não demitir é um desafio possível
Luis Bigonha, presidente do Sindibeleza, concorda que o começo da quarentena enfraqueceu o setor de salões de beleza e que muitos donos desse tipo de negócio passaram a demitir em massa. Pensando nisso, ele afirmou que está enviando ofícios às prefeituras para que permitam a reabertura dos salões com todas as medidas de segurança recomendadas. Para que isso seja possível, em conjunto com o Sebrae Nacional, foi criada uma cartilha com um passo a passo sobre como voltar com as atividades sem colocar em risco a saúde de clientes e colaboradores (disponível aqui). “Se o salão conseguir acompanhar o que sugerimos, ele vai ter uma segurança aos seus colaboradores”, reforçou.
Ele também comentou sobre um projeto que vai disponibilizar um selo para que o salão possa mostrar ao cliente que ele está seguro, já que pesquisas indicam que há um receio das pessoas em voltar a frequentar espaços de beleza. “Esse selo vai ser custo zero para o salão de beleza. Nós não estamos exigindo nada. Neste momento é defender o negócio do salão de beleza e o emprego, por isso qualquer empresário do nosso setor poderá ter esse respaldo jurídico mesmo sem vínculo conosco”. Para receber o selo, o salão terá que fazer um cadastro, que inclui todos os colaboradores, que realizarão uma prova com perguntas relacionadas à cartilha de orientações.
Saídas legais para renegociar o aluguel
Para compartilhar a visão legal sobre como os donos de salão podem renegociar os valores dos aluguéis, a Beauty Fair convidou os advogados Achiles Cavallo e Daniel Cerveira para indicar as melhores soluções. De antemão, ambos concordaram que este é um momento em que se deve ter cautela, pois não existe uma solução igual para todos os empresários.
Daniel, que é especialista na área de aluguéis, citou que algumas liminares foram interpretadas com 50% de desconto, outras foram proporcionais a queda de faturamento, enquanto outras foram negadas pelos juízes. “Infelizmente, não tem solução fácil”, disse ele que acredita que conversar primeiro com o proprietário é a saída mais amigável.
Já Achiles Cavallo, especialista no setor de beleza e bem-estar, relembrou que a situação é diferente de tudo que já existiu e que os salões sofreram uma queda vertiginosa. O intuito é buscar a flexibilização região por região e manter as atividades de acordo com o que a Lei estabelecer. “Acredito que se todos se unirem e fazeemr a sua parte, tenho certeza que a flexibilização do nosso setor vai acontecer”.
Suporte do Sebrae Nacional
O Sebrae Nacional tem ajudado tanto entidades, quanto empresários e profissionais do setor de beleza neste período de crise. Com atendimento 100% on-line, o Sebrae tem compartilhado conteúdos com dicas úteis em diferentes formatos e tomado uma série de medidas, que podem ser acessadas pelo site.
A instituição elaborou ainda um texto-base que foi cocriado com mais de 30 entidades do setor para que seja possível passar pela crise causada pelo SARS-COV-2, que inclui todo apoio para a retomada, apoio ao crédito, orientações de gestão para organizar as contas e elevar o grau de segurança dos estabelecimentos. “Se não houver percepção de segurança do nosso consumidor, ele não vai retornar”, disse Andrezza Torres, coordenadora nacional de beleza do Sebrae.
Ela informou ainda que, no início do isolamento social, 82% dos salões estavam completamente fechados e agora a porcentagem está em 63%, o que traz uma leve recuperação ao setor. Para ela é importante também “entrar numa negociação sabendo como vai ser a sua retomada ou, pelo menos, tendo uma base de dados para prever um faturamento e honrar o que negociou”, disse.
O Sebrae disponibiliza seus canais de atendimento e o 0800-570-0800 para mais informações e esclarecimentos sobre as medidas que os donos de salões devem tomar. E, para ver mais conteúdos relacionados à retomada, à crise e às soluções encontradas por outros empresários e profissionais de beleza, é só clicar aqui!
Por Redação
Fotos: iStock